Decisões do STF Reforçam a Licitude da Terceirização em Atividades-Fim e Descartam Relações de Emprego em Casos de Pejotização

Entenda como as decisões do Supremo impactam diretamente o futuro das relações de trabalho no Brasil

DIREITO DO TRABALHO

Por Gustavo Góis

9/10/20243 min read

Entenda como as decisões do Supremo impactam diretamente o futuro das relações de trabalho no Brasil

Nos últimos meses, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido palco de decisões que prometem mudar o rumo das relações trabalhistas no Brasil. Em uma série de julgamentos recentes, a Corte reafirmou que a terceirização, até mesmo em atividades-fim, é totalmente legal. Além disso, desmistificou a tão polêmica “pejotização”, que muitos alegam ser uma manobra fraudulenta.

O que essas decisões significam para trabalhadores e empresas? Continue lendo para entender os detalhes e como isso pode afetar você diretamente.


Caso 1: MRV Engenharia e a Batalha da Terceirização (Reclamação 61.514/RS)

Imagine a seguinte situação: um corretor de imóveis, contratado para atuar de forma autônoma, entra na Justiça alegando vínculo empregatício com uma grande empresa de construção. Foi o que aconteceu com a MRV Engenharia, que se viu em uma verdadeira encruzilhada jurídica. A decisão inicial do Tribunal Regional do Trabalho reconheceu o vínculo, mas o STF foi categórico ao cassar a decisão.

Segundo a Suprema Corte, a terceirização da atividade-fim, no caso a corretagem de imóveis, não constitui uma relação de emprego. Este julgamento foi um marco importante, ao reafirmar a licitude da terceirização, desde que o contrato esteja dentro das normas legais:

"É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado da contratada. A terceirização não enseja, por si só, precarização do trabalho, violação da dignidade do trabalhador ou desrespeito a direitos previdenciários."

Caso 2: Hospital Prohope e a Luta Contra a Pejotização (Reclamação 61.115/BA)

Outro exemplo emblemático é o do Hospital Prohope. Uma médica, que durante anos prestou serviços por meio de uma empresa própria, alegou que o hospital estava mascarando uma relação de emprego através da pejotização. O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região deu ganho de causa à médica, mas, mais uma vez, o STF interveio e cassou a decisão. O entendimento da Corte foi claro: a contratação por pessoa jurídica é legal, desde que não haja fraude. O caso evidencia que profissionais liberais podem escolher livremente suas modalidades de contrato sem que isso configure vínculo empregatício.

Caso 3: Casa de Saúde Santa Marcelina e o Debate Acirrado (Reclamação 65.011/SP)

Imagine ganhar R$ 25.000 mensais e ainda assim alegar ser empregado! Foi o que aconteceu com uma médica que, por cinco anos, prestou serviços à Casa de Saúde Santa Marcelina sob contrato de pessoa jurídica.


Ao ser confrontada pela Justiça do Trabalho, o STF, no entanto, foi contundente: o fato de um profissional liberal prestar serviços essenciais a uma empresa não transforma automaticamente essa relação em um vínculo empregatício. A decisão derruba o mito de que toda terceirização ou pejotização é ilegal, abrindo caminho para formas mais flexíveis de trabalho.

O Que Essas Decisões Significam Para Você?

Você deve estar se perguntando: como essas decisões podem impactar o meu dia a dia?


Para empresas, a mensagem é clara: há segurança jurídica para contratar profissionais de forma autônoma, sem medo de que essas relações sejam interpretadas como fraude. Já para os trabalhadores, principalmente profissionais liberais, as decisões mostram que é possível negociar contratos com mais liberdade, sem a necessidade de se enquadrar em um único modelo rígido de vínculo empregatício.

A Conclusão Inegável


Ao longo desses julgamentos, o STF reafirmou um princípio central: a liberdade de contratação é garantida pela Constituição e pode ocorrer de várias formas, desde que respeitadas as leis. Seja você um empregador ou um trabalhador, essas decisões são um divisor de águas, que permitem novas possibilidades e formas de trabalho, mais flexíveis e alinhadas com a realidade moderna. Não há mais espaço para dúvidas: terceirização e pejotização, quando realizadas de maneira transparente, são ferramentas legítimas e poderosas no mundo do trabalho atual.


Se você ainda acredita que essas práticas são sinônimos de fraude, talvez seja hora de repensar. O futuro das relações de trabalho no Brasil está mudando, e o STF já deu o seu veredito: flexibilidade e liberdade contratual vieram para ficar.